Com a queda recorde do volume de abastecimento do sistema
Cantareira, a região metropolitana de São Paulo corre o risco de ficar
completamente sem água. Algumas previsões chegam a apontar o final do
próximo mês como data limite para que a última gota seque.
Em meio ao cenário caótico apresentado, um conjunto de medidas
complexas e grandiosas precisa ser adotado para tentar minimizar o
impacto para a população.
No entanto, urbanistas enfatizam que não é preciso esperar a
iminência de uma crise para que alternativas simples e criativas comecem
a ser adotadas. Não só pelo poder público, mas por todos nós.
Desde a reutilização da água em hortas domésticas até o sistema de
filtragem portátil que utiliza apenas energia solar, especialistas
apresentaram algumas iniciativas de uso racional na água, durante o
seminário internacional Arq. Futuro, nesta terça-feira em São Paulo.
De onde vem? Para onde vai? – Para a jornalista e
ativista ambiental Cláudia Visoni, não é preciso morar no campo para
criar seu próprio sistema de coleta, reaproveitamento e tratamento de
água. Iniciativas urbanas do projeto Permacultura mostram que é possível
tomar atitudes sustentáveis até em grandes cidades como São Paulo.
“O grande problema da cidade é que toda a água consumida é misturada e
despejada em um mesmo lugar. Mas aquela que usamos para lavar as mãos
ou a salada, por exemplo, é muito mais fácil de ser tratada e
reaproveitada”, afirma.
De acordo com Cláudia, já há iniciativas na cidade que estimulam a
coleta de água das chuvas nas casas, por meio de cisternas fáceis de
serem instaladas.
Até mesmo o esgoto doméstico pode ser tratado em tanques que fazem a
filtragem dos microrganismos por meio de raízes de plantas específicas e
quantidades determinadas de areia.
Em média escala, Cláudia citou o exemplo do Shopping Eldorado, em São
Paulo (SP), que implantou sistema piloto para reaproveitar água dos
banheiros na irrigação das plantas; e da paulistana Praça Victor Civita,
que possui tanque de tratamento de esgoto em seu jardim.
Água limpa em qualquer lugar – Com o tamanho
aproximado de uma maleta, o filtro de armazenamento movido à luz solar
da empresa sueca Solvatten já tem sido usado em muitas comunidades
africanas.
De acordo com a apresentação do gerente de projetos da empresa,
Oliwer Wadström, o equipamento já ajudou a salvar várias vidas nas
regiões mais pobres, além de poupar o tempo produtivo das famílias que
antes sofriam de doenças trazidas pela água contaminada.
O dispositivo distribuído por diversas entidades ao redor do mundo
custa 99 dólares a unidade e não precisa de baterias para funcionar.
“O custo é relativamente muito baixo e o equipamento dura sete anos.
Na África, algumas organizações subsidiam o valor ao distribuírem em
maternidades. Hoje mais crianças morrem por doenças da água contaminada
que por aids e malária”, afirma Wadström.
Adaptado à realidade brasileira, o produto poderia ajudar comunidades
muito afetadas pela seca, como as regiões mais pobres do sertão
nordestino.
Segurança do sistema – Numa escala mais ampla, a
falta de proteção e informação da rede de distribuição oficial das
cidades também aumenta muito o desperdício. Segundo o engenheiro da
empresa Optimale Tecnologia, que trouxe para o Brasil o sistema
israelense de monitoramento TaKaDu, 95% dos sistemas operam sem
informações em tempo real.
“A rede brasileira funciona como um avião que pilota sem informação
da torre”, afirma Cheung. Segundo ele, a falta de informação faz com que
problemas como vazamentos demorem muito para serem resolvidos e também
facilita os desvios ilegais (gatos).
Ganhador de prêmio do Painel de Mudanças Climáticas da ONU, o serviço
oferecido pela empresa processa as informações das companhias e
gerencia os dados para evitar falhas. O software é disponibilizado na
nuvem, sem a necessidade de servidor local. (Fonte: Exame.com)