sábado, 13 de setembro de 2014

Árvore de 500 anos é incendiada em suposto ritual de magia negra no AM

Uma árvore de 500 anos e aproximadamente 35 metros de altura foi incendiada na madrugada deste sábado (3), na Reserva Florestal Adolpho Ducke (RFAD), situada nas Zonas Norte e Rural de Manaus. Há suspeitas de que o incêndio tenha iniciado durante um ritual de magia negra. A centenária árvore da espécie Angelim-pedra foi encontrada com a parte interna do tronco em chamas. Uma equipe do Corpo de Bombeiros apagou o fogo, mas ainda há focos de brasas, que deixam o risco do fogo se alastrar para outras árvores. Velas coloridas e alimentos foram encontrados no local.
O funcionário do Museu da Amazônia (Musa), Rubenaldo Ferreira, disse que, por volta das 8h, passava pela Avenida Margarita quando percebeu fumaça entre as copas das árvores. Ele relatou que avistou uma viatura da Polícia Militar no início da trilha, localizada às margens da Avenida Margarita, no Bairro Cidade de Deus, a cerca de 500 metros da guarita da Reserva e 300 metros do Posto Sabiá 1, de vigilância do local.
“Resolvemos entrar na mata para verificar o que estava acontecendo. Depois de caminhar alguns metros, encontramos o tronco da árvore com uma cavidade e na área interna parte da madeira já havia sido queimada, mas as chamas ainda estavam consumindo o restante”, revelou Rubenaldo Ferreira.
Ao redor da árvore, velas vermelhas, pretas e amarelas foram encontradas juntamente com alimentos em um altar. “Acredito que ela foi danificada durante ritual de magia negra, pois ainda havia velas pretas, frutas e alimentos geralmente utilizados na cerimônia”, afirmou.
O Corpo de Bombeiros foi acionado logo após a descoberta da árvore em chamas. Uma equipe da corporação apagou o fogo. Entretanto, no final da tarde deste sábado o G1 esteve no local e constatou que ainda havia focos de fumaça e brasas no interior do tronco. “O âmago da árvore continuou sendo consumido pela brasa mesmo após a intervenção dos bombeiros. É lamentável, mas a árvore não sobreviverá e o risco agora é que ela continue queimando, atingindo as demais árvores da mata”, explicou a monitora do Musa, Larissa Rodrigues.
A Reserva Florestal Adolpho Ducke tem uma área de aproximadamente 10 mil hectares. O local tem igarapés e trilhas em meio à mata fechada. A RFAD é administrada pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). Duas empresas terceirizadas são responsáveis pela segurança da reserva. Porém, há apenas três vigilantes na área, sendo um na guarita da reserva, um no Posto Sabiá 1 e outro segurança no Posto Sabiá 3.
“Existem várias trilhas e a reserva é muito grande. É quase impossível fiscalizar toda a área. Até nossa equipe do Museu da Amazônia, que funciona na reserva, tem dado suporte na fiscalização, realizando patrulhamento. Muita gente entra na reserva para caçar e cortar árvores, e nós coibimos essas práticas, mas é a primeira vez que vejo uma árvore sendo queimada viva”, comentou Rubenaldo Ferreira.
Segundo os funcionários do local, os recursos naturais da Reserva Adolpho Ducke têm sido degradados pela população, que visitam o igarapé através da trilha da Avenida Margarita, deixando resíduos pelo caminho. Não há grade de proteção e nem placas de sinalização alertando sobre proibição de entrar na área. “Essa trilha é bastante frequentada pelos moradores da região, que entram na mata para se banhar nas águas do igarapé e da nascente. Eles têm deixado grande quantidade de lixo”, lamentou a monitora Larissa Rodrigues.
O funcionário do Musa Rubenaldo Ferreira cobrou a conservação dos recursos naturais da reserva e a manutenção da área de floresta amazônica. “Temos que fazer algo porque a sociedade precisa de noção da importância da fauna e flora da reserva, que abriga diversas espécies de plantas e animais”, enfatizou. (Fonte: G1)

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