O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto
Costa listou a relação de mais de 30 políticos envolvidos com esquema de
corrupção na Petrobras, informou neste sábado (6) a revista “Veja”.
Entre os envolvidos estão o ministro
Edison Lobão (Minas e Energia) e a governadora do Maranhão, Roseana
Sarney (PMDB) que teriam tirado proveito de parte do dinheiro roubado
dos cofres da Petrobras.
A revelação dos nomes faz parte de um
acordo de delação premiada que Costa fechou no dia 22 de agosto com os
procuradores da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, que querem saber
como os contratos da Petrobras eram superfaturados e como o valor a
mais retornava para os políticos. Delação premiada é a figura jurídica
na qual um réu conta o que sabe à Justiça em troca de redução de pena.
Costa dizia na cela em que está preso na
Polícia Federal em Curitiba (PR) que não teria eleições neste ano se ele
revelasse tudo o que sabe. Os políticos receberiam, segundo Costa, 3%
do valor dos contratos da Petrobras na época em que ele era diretor de
distribuição da estatal, entre 2004 e 2012. De acordo com Costa, a
distribuição do dinheiro servia para garantir que os partidos aliados
continuassem a apoiar o Palácio do Planalto no Congresso Nacional.
O depoimento chegou no começo desta
semana ao STF (Supremo Tribunal Federal) para que o ministro Teori
Zavascki homologue o acordo. Por envolver políticos, que têm direito a
foro privilegiado, o caso está sendo acompanhado pelo procurador-geral
da República, Rodrigo Janot.
Costa foi indicado pelo PP para a
diretoria de distribuição da Petrobras em 2004, ficou no cargo até 2012 e
conseguiu apoios no PT e PMDB. Dessa forma, Costa participou dos dois
governos Lula e dos dois primeiros anos do governo Dilma Rousseff.
DELAÇÃO PREMIADA
Ele decidiu fazer um acordo de delação
premiada como os procuradores da força-tarefa da Operação Lava Jato
depois que a Polícia Federal fez buscas e apreensões em 13 empresas que
pertencem a sua filha, sua mulher, seu genro e um amigo dele. Costa
também estava em pânico com a perspectiva de ser condenado a mais de 30
anos de prisão.
A maioria das empresas em que a PF fez
buscas não tinha atividade nem funcionários e serviam para receber
propina de fornecedores da Petrobras por meio de contratos falsos de
consultoria, segundo os procuradores da força-tarefa.
Em junho, a Suíça comunicou as
autoridades brasileiras de que Costa e seus familiares tinham US$ 23
milhões em contas secretas naquele país. O ex-diretor havia negado à
polícia que tinha recursos no exterior. A existência das contas na Suíça
foi o motivo alegado pelo juiz federal Sergio Moro para decretar a
prisão de Costa pela segunda vez, em 11 de junho.
Costa foi diretor da Petrobras no período
em que a estatal começou uma de suas maiores obras, a refinaria Abreu e
Lima, em Pernambuco, que já consumiu US$ 18,5 bilhões (R$ 42,2
bilhões). A construção de Abreu e Lima estava subordinada à diretoria
ocupada por Costa na Petrobras.
As investigações da PF já haviam revelado
a existência de uma ampla rede de corrupção na Petrobras envolvendo
funcionários da empresa, grandes empreiteiras, doleiros e políticos
importantes. Os depoimentos de Paulo Roberto Costa estão sendo colhidos
desde o dia 29 agosto pela Política Federal. Ao todo, já são mais de 40
horas de conversas gravadas, revela a revista.
As informações são da Folha de São Paulo.
A edição da revista Veja que começou a circular traz o nome dos seguintes políticos envolvidos com negócios sujos da Petrobras:Edison Lobão, ministro das Minas e Energia, PMDB
João Vaccari Neto, secretário nacional de finanças do PT
Henrique Eduardo Alves, presidente da Câmara dos Deputados, PMDB
Renan Calheiros, presidente do Senado, PMDB
Ciro Nogueira, senador e presidente nacional do PP
Romero Jucá, senador do PMDB
Cândido Vaccarezza, deputado federal do PT
João Pizzolatti, deputado federal do PP
Mario Negromonte, ex-ministro das Cidades, PP
Sergio Cabral, ex-governador do Rio de Janeiro, PMDB
Roseana Sarney, governadora do Maranhão, PMDB
Eduardo Campos, ex-governador de Pernambuco, PSB - morto no mês passado em um acidente aéreo
Na época em que era diretor da Petrobras Paulo Roberto conversava frequentemente com o então presidente Lula, segundo contou à Polícia Federal.
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